Vem aí - Sentidos do Nascer

27/01/2015
Maya nasceu, Dayvson e Paula comemoram.

 Sentir para conhecer

A Secretaria Municipal de Saúde, UFMG, CNPQ e a Fundação Bill Gates são alguns dos patrocinadores da intervenção “Sentidos do Nascer” que está nos últimos  detalhes e será inaugurada em março, em Belo Horizonte. Uma reunião foi realizada no último final de semana na Secretaria Municipal de Saúde com mulheres, militantes e profissionais parceiros.  Passará pela UFMG, Parque Municipal e Boulevard Shopping. Depois, irá para Brasília e Rio de Janeiro, ficando três meses em cada cidade. Em Brasília será montada junto a eventos como a 4ª Conferência pela Humanização do Nascimento, a Expo EPI e o Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia.

Conta com três contêineres onde o visitante terá a oportunidade de vivenciar experiências de gravidez - homens, mulheres, crianças, idosos... – a exposição é para toda a sociedade.  No primeiro, haverá uma tela que mostrará a pessoa grávida. Poderá tirar fotos e compartilhar nas redes sociais; na sala de convivência haverá computadores à disposição.  No trajeto, passará pelo cantinho do consumo,  que critica os apelos comerciais voltados para a gestante.  Exemplos: compre seu pacote de cesáreas em doze prestações, compre o pacote e ganhe um dia de UTI para seu bebê..., o marketing da indústria.

Corredor Controverso

O próximo contêiner é o ‘Corredor da Controvérsia’. Em seis monitores na parede – como os que existem no Museu da Vale sobre os Inconfidentes, oito personagens vão conversar entre si, enfocando diferentes visões sobre o parto e as falas que os casais grávidos escutam durante a gestação de seus filhos. “Apresenta a multiplicidade de pontos de vista e o senso comum sobre o nascimento” – informou a pediatra Sônia Lansky, em encontro no auditório da Secretaria Municipal de Saúde.

O útero

O visitante vai entrar no primeiro contêiner e ouvirá a voz de um bebê, sons de batimentos cardíacos e ruídos de água que reproduzem os sons internos que a criança ouve quando está no ventre da mãe.  Ele entra em um útero, uma sala escura, onde tem uma instalação, um sofá macio, que afunda e representa a placenta. Enrola no cordão umbilical e depois sai pelo canal estreito de parto. O bebê fala que agora está pronto para nascer, que seu pulmão está maduro... Atravessa um corredor estreito e comprido, onde está cerceado por um tecido macio, simulando o nascimento de um bebê por parto vaginal. “O objetivo é levar as pessoas a se colocar no lugar do bebê.  Uma vivência sensorial da experiência do nascimento em um parto humanizado”, explica a idealizadora do projeto, articuladora do Movimento BH pelo Parto Normal, da Secretaria Municipal de Saúde.

Grande colo

O visitante se depara com o quadro de uma mãe amamentando – “um grande colo” - e chega ao espaço de convivência, onde encontrará frases bonitas, fotos de parto, vídeos, informações sobre parto normal e cesárea e onde ocorrerá rodas de conversa. Segundo Sônia Lansky, o objetivo é continuar a discussão nos sites, facebook e nas redes sociais.

 Público alvo: toda a sociedade, gestores, profissionais de saúde, estudantes, sem limite de idade. “Ao final, queremos alcançar 30 mil pessoas, 400 visitantes por dia”. A cada “tour” entram seis pessoas.

Painéis abordarão alguns temas:

1 - O tempo -  a pressa ao retirar o bebê e o tempo necessário para o parto, que deve ser respeitado.

2 – O nascimento na história

3 – Parto natural humanizado, as boas práticas

4 – Cesariana – informações sobre a cirurgia.

5 – De quem é o parto – sobre o protagonismo da mulher.

6 – Prematuridade – o que é e o seu aumento no Brasil.

7 – Violência obstétrica – sofrida pelas mulheres brasileiras em seus partos.

Mudar a cultura do parto

O projeto Sentidos do Nascer foi selecionado entre 170 projetos selecionados pela Fundação Bill Gates e CNPQ, por uma demanda do Ministério da Saúde. É um edital de pesquisa, que vai monitorar o efeito da intervenção na percepção sobre parto pelos participantes. Participam ainda algumas instituições: UFMG, USP, PUC Rio e PUC Minas, UNB, Fundação Osvaldo Cruz, entre outras.

“Queríamos fazer um projeto de valorização do parto normal, que provocasse reflexão crítica, que comovesse as pessoas e afetasse sua percepção sobre parto e nascimento. O parto perdeu o sentido, num cenário de 56,7% de cesarianas, queremos re-significar o nascimento. Queremos contribuir com a redução da cesárea e da prematuridade iatrogênica; A exposição é provocativa, intencional, abre a polêmica. Queremos intervir no processo cultural. Sabemos que vai levar anos a mudança do paradigma; esta é a nossa pequena contribuição” conclui a pediatra.

Mais informações:

http://bhpelopartonormal.blogspot.com.br/2014/09/nascer-e-normal-sentidos-do-nascer.html

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