Relatos de parto

Lavínia

Amanda & Felipe

Na noite de sábado após um dia de estímulos para o trabalho de parto, comecei a sentir o meu corpo preparando para o momento tão aguardado, foi uma noite com dores espaçadas mas eu não achava posição para dormir e buscava relaxar sentada da bola de pilates debaixo do chuveiro. Durante o dia seguinte fiquei cansada da noite anterior mas sem dores, elas retornaram apenas ao fim da tarde, até fiz uma caminhadinha pelo quarteirão de casa mas as dores aumentaram ao anoitecer e eu na companhia do meu marido passamos mais uma noite acordados buscando o alívio das minhas dores e ansiosos para evolução dessa fase conhecida como pódromos. 

Na segunda-feira o desconforto permaneceu durante o dia e intensificou ao cair da noite, mamãe estava feliz com a evolução e o papai começou a cronometrar as contrações que estavam de fato iniciando, dando início a fase latente. Fiz o contato com a Enfermeira Obstetra (EO) que confirmou a fase e veio até a minha casa para uma avaliação e ao fazer o toque constatou que eu estava com 4 cm de dilatação, ela fez algumas orientações sobre o número de contrações em um intervalo de tempo para considerar início do trabalho de parto, sendo 3 contrações em 10 minutos, então ela se despediu às 23h30 ficando de sobreaviso para retornar caso iniciasse o trabalho de parto.

O Trabalho de Parto:

1o período - Fase Ativa

As dores foram intensificando e retornando em espaço de tempo cada vez menores, até que chegou o momento em que meu marido fez novamente o contato com a EO que chegou em minha casa por volta de 1h30 da terça-feira e ao fazer novo toque percebeu que eu já estava com 6 cm de dilatação. Permaneci em casa recebendo dela massagem na região da lombar e buscando posições de alívio em cima da cama e em outros momentos estimulando a abertura da pélve me movimentando sentada na bola em meu quarto ou debaixo do chuveiro sempre recebendo massagem dela e do meu marido que não distanciou de mim em nenhum momento e que me dava apoio com palavras que me faziam acreditar que eu era forte.

Dessa forma o tempo foi passando e uma nova avaliação foi realizada e eu já estava com 8 cm de dilatação era o momento de ir para a maternidade e a EO fez o contato com a minha Obstetra para avisar que já estávamos à caminho e já solicitou a suíte de parto e pediu que preparasse a banheira com água quente para a minha chegada. 

No caminho até a maternidade as dores continuavam o meu marido dirigia e eu estava no banco de traz acompanhada pela Enfermeira. Finalmente chegamos, nem percebi o caminho que percorremos até lá, na maternidade fui recebida pela minha Obstetra o que me deixou mais confiante de que todo planejado estava acontecendo. Fui direcionada a suíte de parto, vesti o top lindo que minha irmã me presenteou para eu usar no parto e entrei na banheira... 

Agora sim, eu estava ali na maternidade que escolhi sendo assistida pela minha Obstetra e minha EO, com o quarto enfeitado com o nome Lavínia, na companhia do meu marido e a ouvindo a playlist que preparamos, as dores aumentavam e enquanto eu respirava também pensava que cada uma delas era para a chegada da minha filha e eu estava prestes a iniciar a fase de expulsão para tê-la em meus braços.

2o Período - Fase do expulsivo

O tempo foi passando, a dilatação aumentando e de vez enquando ouvia o coraçãozinho dela batendo, tudo fluindo bem. Eu fazia força a cada contração, puxando o tecido que estava preso na cintura da EO e meu marido me abraçava segurando pelas minhas costas. Eu gritava, era uma dor desejada e pedia ajuda a Deus, a Jesus, eu ouvia a música de fundo e as vozes da equipe dizendo que eu estava indo bem e que ela tava chegando até que ainda dentro da bolsa aminiótica eu pude sentir a Lavínia. Como ela estava prestes a nascer a Obstetra solicitou que chamasse a Pediatra e foi nesse momento que os olhos do papai encheram de lágrimas e eu olhando para o rosto dele comecei a sorrir, nesse momento já senti uma pressão na região da pélvis, era minha bebê descendo. Logo em seguida senti a bolsa estourar e continuei fazendo força, pedi ajuda para a médica e ela me disse sorrindo e brincando, "só se for para puxar pelo cabelo, ela é cabeluda" imediatamente, coloquei a mão e senti o cabelinho balançando na água, ela tinha coroado, faltava pouco. Até que veio uma vontade de fazer força e uma sensação de queimação, chamada de "círculo de fogo" e eu sabia que em breve ela nasceria e eu seria a primeira a pegá-la no colo. E foi assim que aconteceu, fiz mais duas forças gritando "Vem Lavínia" e ela veio para meus braços, a emoção que senti é indescritível, já não existia mais nenhuma dor, era só Amor!

Ficamos um tempo ali, nós 3, após um tempo a Obstetra preparou o cordão umbilical para o papai cortar, conforme solicitamos no plano de parto e depois fui presenteada pelo meu marido com um lindo anel com 3 pedras que ele disse representar três corações eu, ele e nossa filha.

Logo em seguida, eu sai da banheira e fui amamentá-la pela primeira vez, nosso contato pele a pele ainda estava acontecendo de forma respeitosa, eu estava curtindo aquele momento e só depois ela foi pesada, medida e vestida. Tudo isso acontecendo ali, do meu lado e de forma descontraída, teve até bolão do peso e do tamanho, sabe quem acertou os dois? Mamãe!

 

 

3o período - Parto da Placenta

Para finalizar todo trabalho de parto só faltava retirar a placenta, foi muito rápido mais uma força sem nenhuma dor. Era só felicidade pela saúde da minha filha e por ter conseguido o parto natural que eu e meu marido tanto planejamos, no momento escolhido por Deus.

Frase de empoderamento que eu repetia durante a gestação:

"Eu atraio aquilo que desejo,
Meu corpo é sábio e perfeito,
Eu nasci para parir,
E minha filha sabe nascer"