Relatos de parto

Marina

Clarisse & Caio

 

Tudo começou dia 27/10 (minha DPP!) por volta das 10h00min com contrações fracas e irregulares: mandei uma mensagem pra Letícia (minha enf. obstetra), mas já sabia q não era TP; ela me disse q eram pró dromos que podemos ter dias a semanas antes do parto. Já estava com 40 semanas, doida pra meu bebê nascer: nenhuma posição me trazia conforto, insônia, refluxo e nem me fale do xixi!

As contrações não aumentaram; pelo contrário: foram ficando mais fracas e espaçadas até pararem por completo por volta das 15h00min. Fiquei mal! Será q esse bebê não iria nascer nunca?! Resolvi me manter ativa por recomendação da minha obstetra Dra. Avelina e da Letícia: saí com o caio (marido) e com minha irmã p uma caminhada de 4 km pra ver se as contrações voltavam e iniciava um TP. Nada…

Fui dormir com sentimento de derrota. Resolvi q no dia seguinte se as contrações não voltassem iria sair para caminhar de novo, mas desta vez 6 km.

Dia 28/10 pela manhã rotina normal da casa, meu marido estava de folga neste dia. Resolvi q queria almoçar bife com batata frita. Fomos ao supermercado e passei na farmácia pra comprar algumas coisas. Voltamos pra casa e comecei a preparar o almoço, cozinhei feijão e tudo. Por volta das 13h00min comecei a sentir algumas contrações fracas e irregulares semelhantes ao dia anterior, não falei nada pra ninguém, pois achei q seria como no dia anterior e que elas desapareceriam. Servi-me do meu desejado bife com batatas fritas e no exato momento q sentei-me à mesa p comer às 13h30min minha bolsa estourou. Eu e meu marido, médicos, com certo conhecimento sobre parto pensamos: nulípara com bolsa rota às 13h30min, esse bebê deve nascer somente à noite ou amanhã pela manhã (pensamos q eu ficaria pelo menos 8horas em TP). Avisei a Avelina e à Letícia, meu marido terminou de almoçar tranquilamente enquanto eu fui colocar uma fralda, pois o líquido descia pelas penas a cada contração. Após uns 10min q abolsa rompeu as contrações começaram a ficar intensas e regulares. Não consegui almoçar: a cada contração a dor me causava náuseas. Fui para o quarto arrumar as últimas coisas da mala da maternidade enquanto aguardava a chegada da Letícia para me avaliar, fazer o toque e indicar o momento adequado p irmos p maternidade.

Trinta minutos após a ruptura da bolsa (14h00min) as contrações já estavam muito dolorosas e vinham a cada 1-2 min. Pedi p meu marido fazer um toque: zero de dilatação! Meu Deus será q sou tão fraca p dor?! Já estava com dores fortes e não tinha dilatação nenhuma?! Então vai ficar muito pior né! As contrações foram ficando cada vez mais fortes, chuveiro, bola nem massagem ajudavam na dor e eu só pensava q ainda teria q aguentar várias horas dessa dor. As 15h20min dei um grito muito aguda durante uma contração e meu marido pediu p fazer o toque novamente, porque de acordo com ele meu grito era semelhante à de mulheres em período expulsivo. Falei pra ele q não era necessário, já que fazia mais ou menos 1 hora do último toque e estava fechado, teria dilatado no máximo um cm que é o comum NE. Ele insistiu muito e eu o deixei fazer o toque e, pasmem: estava com sete cm de dilatação. Como eu tinha dilatado de zero para 7com em apenas 1h30min? Nesse momento meu marido olhou bem fundo nos meus olhos e disse: “nós vamos pra maternidade agora! Não dá tempo de esperar a Letícia.” Concordei com ele, mas nesse meio tempo veio uma nova contração, pedi q ele esperasse passar pra eu poder me vestir e ele disse:” vc vai se vestir mesmo com contração”. Minha irmã me ajudou a me vestir e fomos p o carro, entrei no banco de trás e minha irmã insistiu em ir conosco: disse que não, pois ela estava muito nervosa com a situação e senti q se ela fosse comigo poderia me deixar mais nervosa ainda. No carro meu marido estava tão concentrado em dirigir que nem conversava comigo. Eu estava no banco de trás e já tinha começado e sentir os puxos a cada contração e só pensava q meu bebê poderia nascer ali no carro mesmo. Na porta do condomínio nos encontramos com a Letícia que logo entrou no nosso carro e foi no banco de trás comigo: senti-me muito aliviada depois disso: se meu bebê nascesse n carro a Letícia ia fazer o parto.

Moro num condomínio em Nova Lima. O trajeto q faz para BH que dura aproximadamente 40 minutos, Caio fez em uns 20min no máximo: passou correndo em todos os radares e ultrapassou todos os sinais buzinando e gritando: “minha mulher esta parindo!” Igual cena de filme mesmo rs. Chegamos ao Neocenter as 16h00min e Dra. Avelina nos aguardava na porta. Colocaram-me numa cadeira de rodas e correram comigo pro quarto. Lembro-me que Dra. Avelina calçou um par de luvas no elevador e depois me confessou q achou q fosse nascer ali mesmo hahaha.

Chegamos ao quarto senti umas contrações e vontade de fazer força ainda na cadeira de rodas, antes mesmo de passar para a cama. Nesse momento senti uma vontade imensa de fazer cocô. Passei para cama no intervalo das contrações, Dra. Avelina fez o toque e mandou avisar: “código branco” - significa para chamar o pediatra porque I bebê está prestes a nascer. Neste momento pedi anestesia, pois a dor estava insuportável, então ela me disse que não daria tempo, pois meu bebê já estava coroando. Ela perguntou qual posição eu gostaria de ficar e me arranjei numa posição ali meio de lado na cama enquanto Caio segurava minhas mãos e puxava minha coxa na hora das contrações e a Letícia auscultava o bcf. Acho q uns 5-8 min depois de chegar ao quarto tive a última contração: no final nunca senti alívio tão grande: dá pra ver minha feição nas fotos. A natureza é tão incrível que não me lembro de ninguém me pedindo para fazer força, no puxo à força é involuntária como as batidas do coração. As 16h15min ela foi colocada direto no meu colo, e no momento oportuno Dra. Avelina entregou a tesoura e Caio cortou o cordão. A sensação era de estar, mas nuvens, uma enchente de hormônios me inundou e eu nem sei descrever a sensação. Ela ficou no meu colo durante umas 2 horas, só depois foram pesar e medir: 3,414kh e 49 cm, num parto vaginal sem anestesia.

 

Ainda fico abismada toda vez que me lembro desse momento! É como se eu tivesse tomado morfina na veia, difícil de descrever.

Enfim, nunca esperei conseguir ter um parto vaginal sem anestesia e com trabalho de parto com duração de apenas 2h45min.

 

Hoje só tenho a agradecer a Dra. Avelina (obstetra), Letícia (enf. obstetra) e a Sabrina (fisioterapeuta Pélvica) que me prepararam durante os nove meses e participaram deste momento tão especial.