Relatos de parto

Bella

Ana Carolina & Daniel

Relato de Parto Natural Hospitalar – Bella Gestação: A gravidez da Bella foi planejada e muito desejada, mesmo sendo a terceira filha. Uma gestação super saudável, sem intercorrência alguma, mas emocionalmente difícil, pois havia passado por uma perda gestacional com 8 semanas no ano anterior. Por isso, havia muito medo de outra perda ou ocorrência de qualquer problema, afinal, já tinha 39 anos. Então, a Bella foi um presente mesmo, nossa tão esperada bebê arco-íris. Tive os sintomas normais de uma gestação: muito enjoo, sono e cansaço no primeiro trimestre e os desconfortos normais no final, com a imensa barriga que fiquei. Me cuidei bastante, fiz Pilates a gravidez toda, fisioterapia pélvica, yoga para gestantes, acompanhamento terapêutico, obstétrico e nutricional. Também tomei cuidado com a alimentação fora de casa, principalmente evitando coisas cruas, devido ao risco de toxoplasmose. Tudo em busca de saúde e bem-estar para mim e para a bebê. Sou grata a cada profissional que me acompanhou, pois fez muita diferença neste processo. Consegui trabalhar normalmente do início até ela nascer, só passei mal uma vez com queda de pressão durante uma aula que estava ministrando. Fiz tudo que tinha vontade, desde a montagem do enxoval, preparação do quartinho, muitas e muitas fotos da barriga, chá de bebê, chá de bençãos, tudo que tinha direito e mais um pouco. Aproveitei cada minuto do barrigão, cada chutinho, afinal seria minha última gestação. Foi lindo ver como as irmãs mais velhas (Alice já com 10 anos e a Clara com 7 anos) curtiram a espera pela irmãzinha. Até escolheram o nome Bella para ela (nosso ABC, Alice, Bella e Clara, o trio parada dura kkk). Fui muito paparicada e a bebê foi muito amada já dentro da barriga pela família toda. Em relação à equipe que me acompanharia no parto, não conhecia muitas pessoas aqui em Belo Horizonte (MG), já que as meninas nasceram em Ribeirão Preto (SP). Por isso, busquei informações e indicações de profissionais competentes que prestassem assistência humanizada. Tive muito medo de sofrer violência obstétrica, como ocorreu no meu primeiro parto. Também tinha medo de passar por um parto desassistido, já que moro longe do hospital e tinha histórico de dois partos normais anteriores relativamente rápidos. Por isso, fizemos questão de contratar, além da médica obstetra, uma enfermeira obstétrica, que viesse me avaliar em casa durante o trabalho de parto e nos acompanhasse no hospital. Ficamos na dúvida se valeria a pena ter doula, afinal seria meu terceiro parto, meu marido é super parceiro e teríamos a enfermeira junto. O Daniel achou que não seria necessário, mas me apoiou na decisão de contratá-la. E foi a melhor coisa que fizemos, pois o apoio dela antes e durante o parto foi fundamental, como vou contar a seguir (ele também mudou de ideia e fala para todo mundo como foi importante). Além dela ser também consultora de aleitamento materno e ter me ajudado no início da amamentação, tanto no hospital como em casa. E assim ficamos na espera pela nossa bebê natalina, cuja data prevista do parto (DPP) era dia 25 de dezembro, um lindo presente de Natal... Parto: Dia 13 de dezembro de 2023, uma quarta-feira, com 38 semanas e 2 dias de gestação, comecei a sentir contrações na hora de almoço. Bem perceptíveis, mas ainda sem dor e bem espaçadas. Fiquei feliz, pois a Bella estava começando a dar sinais de vir ao mundo! Mas sabia que ainda não estava em trabalho de parto e teria que aguardar. Então segui vida normal. Fui para faculdade trabalhar, tive reunião a tarde toda. E as contrações continuaram no mesmo ritmo. De noite, fomos comer pizza com a família, que já estava reunida na minha casa para as festas de final de ano e a chegada da bebê, pois moramos em outra cidade (a família toda é de fora). Saindo do restaurante, resolvemos passar na praça da Liberdade para ver as luzinhas de Natal. Lá, as contrações pioraram e comecei a sentir um pouco de dor e cólica durante as mesmas. Fiquei empolgada e avisei a equipe de parto sobre o que estava sentindo (disse que ainda não estava em trabalho de parto, mas que estava começando o processo, para ficarem de sobreaviso). De casa, só avisei o Daniel, meu marido, e minha mãe. Não queria que mais ninguém soubesse que já estava com contrações, para não criarem expectativas nem me pressionar. Quando chegamos em casa de noite, coloquei a roupa que usava para tirar foto todos os meses, registrando o crescimento da barriga e tiramos as fotos de 9 meses que ainda não havia tirado. Também tiramos as fotos do papai brincando de estourar a barriga, como fiz com minhas duas outras filhas, só que agora as irmãs também brincaram de estourar a barriga. Tudo isso com medo de madrugada evoluir o trabalho de parto e eu ter que ir para o hospital e ficar sem as últimas fotos desta gestação (inocente, coitada... mal sabia eu que ainda teriam muitas “últimas fotos” da barriga kkk). Fui dormir pensando que seria importante descansar enquanto estava em pródromos, pois realmente achei que o trabalho de parto iria evoluir, como nas minhas duas últimas gestações, e a bebê iria nascer no dia seguinte. Acordei na quinta-feira com as mesmas contrações e ainda brinquei com a equipe que a Bella tinha sido boazinha e deixado todo mundo dormir. Avisei na faculdade que não iria mais, pois já estava entrando em trabalho de parto e desmarquei tudo que tinha: Pilates, reuniões, drenagem linfática etc. Depois do almoço, nada de evoluir, então decidi ir ao cinema com o Daniel. Nos divertimos, comemos, namoramos, rezamos, tudo que tinha direito. Sexta-feira e nada ainda... Contrações continuaram vindo, mas no mesmo ritmo descompassado, quase sem dor. Bora caminhar na Lagoa da Pampulha, para ver se a criança resolve sair do forninho. Mandei a dieta para o espaço, comi pastel com caldo de cana, almocei comida árabe com as amigas e passei a tarde toda na piscina com as crianças. Sábado e nada! Contrações que vem e vão. Nesta altura já estava ficando de saco cheio e tentando ignorar e fingir que elas nem existiam mais... Mais caminhada na Lagoa com minha mãe, comidinhas gostosas, óleo de prímula, muitas tâmaras (estava quase parindo uma tâmara e nada da Bella sair kkk), exercícios na bola de Pilates e vida que segue. Revi os vídeos que a doula ainda indicado sobre as fases do trabalho de parto e ok, ainda estava em irritantes pródromos. Sábado de noite as contrações pioraram, mas nem dei bola, pois já era o terceiro dia que acordava pensando “é hoje”, só que não... Fui dormir e quando eram umas 3 horas da madrugada do domingo, acordei com bastante dor. Nunca pensei que fosse ficar feliz em sentir dor, mas juro que fiquei, porque pensei “agora sim, agora vai, ou melhor, agora Bella vem!!”. Acordei o Daniel, pedi para ele baixar um aplicativo para monitorar as contrações e fui tomar um banho quente para ver se melhorava. Saí do chuveiro e as contrações e a dor não tinham melhorado, estavam ritmadas, vindo a cada 10, 15 minutos. Liguei para a Mariane (enfermeira obstétrica) e ela falou que ainda estava cedo para ela vir para minha casa, mas que eu (finalmente) estava entrando em trabalho de parto. Como era a fase latente, era para eu ligar novamente quando tivesse alguma alteração no quadro ou se as contrações ficassem mais próximas. Fomos para sala, Daniel fazia massagem e monitorava as contrações, eu ficava na bola, no sofá e tentava descansar entre elas. Estávamos os dois muito felizes e sintonizados. Eu achando que daria tempo de ir para o hospital antes que o povo da minha casa acordasse. Não queria que ninguém me visse em trabalho de parto, o que, com certeza, emocionalmente atrapalhou muito o andamento do processo. Assim fomos até umas seis horas da manhã no domingo, quando as contrações já estavam vindo a cada 7, 8 minutos mais ou menos. Aí minha sogra acordou, apareceu na sala e ficou me olhando. Pronto! Me senti observada e travei. As contrações voltaram a espaçar e diminuiu muito a dor, vindo a cada meia hora de novo. Me desesperei, comecei a chorar e fui tomar outro banho. Resolvi sair de casa, fui para o apartamento de uma amiga querida que mora pertinho de casa. Daniel foi comigo. Foi ótimo, me distraí e relaxei, mas nada das contrações engatarem de novo. Continuaram vindo praticamente da mesma forma que estavam nos dias anteriores. Falei com a Mirian (doula), que me tranquilizou e orientou comprar bolsa de água quente para a dor. Fomos almoçar no shopping, só eu e o Daniel, e voltamos para a casa da minha amiga. De tarde, estava muito cansada, nervosa e ansiosa. Queria voltar para casa, mas não queria encontrar a galera. Não queria ninguém, só o Daniel perto. Queria meu sofá, minha cama, meu banheiro, o cheiro da minha casa. Racionalmente, eu sabia que estava atrapalhando a evolução do trabalho de parto, que não deveria me importar com os outros, mas não conseguia controlar. Não conseguia relaxar e deixar fluir perto do povo. Minha mãe, vendo a situação crítica e meu desespero, ligou para a Mirian, contou o estado em que eu estava e perguntou como poderia me ajudar. Aí resolveu tirar todo mundo do meu apartamento e foram para um hotel, para liberar meu canto. Foi a melhor decisão de todas! Era tudo que eu precisava no momento. Fui tomar açaí com minhas filhas no final da tarde, ficamos um tempinho delicioso juntas, abracei muito elas, beijaram minha barriga, dançamos, tiramos foto (agora sim, a última do barrigão com elas) e nos despedimos. Ficamos, finalmente, só eu e o Daniel em casa. De noite, a Mari veio até em casa para me acalmar e avaliar como estava o andamento. Foi muito bom mesmo, me senti cuidada e fiquei bem mais tranquila. Ela auscultou a bebê, mediu minha pressão, falou que ela estava ótima e eu também. Estava com 2cm de dilatação (2 por dentro e 4 por fora do útero, segundo ela), a bebê estava cefálica e bem posicionada, o colo grosso, mas amolecido. Então ainda não era hora de ir para o hospital, mas que qualquer alteração, eu poderia ligar e ela viria novamente. A Mirian me ligou, disse que se eu quisesse ela viria até minha casa, ficar junto e me acalmar, mas eu estava exausta e disse que não precisava, que depois da avaliação da Mari já estava mais tranquila. Ela me orientou relaxar, assistir um filme gostoso, fazer massagem, banhos quentinhos e tentar dormir um pouco para meu corpo se recuperar de todo stress que tinha passado. Fiz tudo que ela orientou e realmente relaxei e consegui dormir um pouco (no sofá, porque a bebê estava tão baixa e o desconforto já era tão grande que nem deitar na cama não conseguia mais). Segunda-feira, dia 18 de dezembro, acordei umas 5 e pouco da manhã renovada, com um lindo nascer do sol na janela da sacada (até tirei foto). Para mim, aquele foi um sinal de Deus de que aquele seria o dia da chegada da Bella. Contrações ritmadas, mas ainda pouco doloridas, tomamos um belo café da manhã em casa e fomos caminhar na Lagoa (desta vez, pela última vez...), só eu e o Daniel. Fiquei um pouco frustrada de manhã, pois a evolução ainda estava lenta. Daniel falou para eu ficar tranquila, que ela iria sim nascer naquela segunda, pois ele tinha apostado que ela chegaria no dia em que eu completasse 39 semanas e ele ganharia o bolão que fizemos. Juro que quando ele apostou, achei que iria perder, pois qual era a chance das minhas três filhas nascerem no dia em que completei 39 semanas (todas com início espontâneo de trabalho de parto)??? Ainda de manhã, falei novamente com a Mirian, que me acalmou, falou que estava tudo normal e que o trabalho de parto iria engatar. Eu tinha consulta previamente agendada com a obstetra para de tarde naquele dia, a de 39 semanas. Então a doula perguntou se eu não queria passar na casa dela depois da consulta para fazer um spinning babies. Eu aceitei na hora, nunca tinha feito e nem sabia direito o que era, mas se era para ajudar no trabalho de parto, estava topando tudo... Estava disposta a dar um aviso de despejo para a bebê, se possível kkk. Inclusive marquei uma sessão de acupuntura, também por sugestão da doula, depois que saísse da casa dela, tudo para ajudar a induzir naturalmente o trabalho de parto. Depois do almoço, as contrações começaram a vir cada vez mais próximas e doloridas. Tinha parado de contar as contrações desde que elas haviam desacelerado na véspera, mas chegando na médica (já com as malas da maternidade no carro, porque vai que, né?), vi que já estavam vindo a cada 7 minutos mais ou menos. Dra. Avelina ficou feliz em me ver, até brincou que passaríamos o Natal com a Bella no colo, todos teríamos ceia em casa... Me examinou eram umas 15h30, falou que eu e a bebê estávamos ótimas, mas ainda estava na fase latente, com 3 cm de dilatação e bolsa íntegra. Não havia indicação de indução farmacológica, dava para aguardar a evolução espontânea do trabalho de parto. E disse que poderia ser que daqui a pouco fôssemos todos para o hospital ou que ainda demoraria uns dias (Oiiii??? Como assim??? Mas não acreditei nisso não... as contrações já estavam vindo cada vez mais fortes). Saí do consultório e fui para casa da Mirian, que me recebeu com muito carinho e música relaxante. Fez o spinning babies (que é uma delícia, por sinal), me colocou em umas posições loucas para ajudar no melhor posicionamento da bebê (uma meio de ponta cabeça, nem sei como consegui fazer com a mega barriga que estava). Saí de lá relaxada, cheia de energia e com contrações bem mais próximas, demoradas e doloridas, tudo de bom! Fomos comer um delicioso pão de queijo mineiro de café da tarde no Neocenter, maternidade que teria a Bella, que ficava a um quarteirão da casa da Mirian. Ainda brincamos que daí a pouco estaríamos de volta para ficar e só sairíamos de lá com a bebê no colo. Fui direto para a sessão de acupuntura, que era lá perto. Cheguei lá com contrações em intervalos de menos de 5 minutos, a coisa ficou feia, muita dor. Aí já tinha certeza que tinha entrado na fase ativa do trabalho de parto. A Clarisse Sales, acupunturista, era doula também, me recebeu super bem e disse que se eu não quisesse fazer, não tinha problema, mas sugeriu fazer uma sessão diferente, que ela faz nas gestantes dela durante o trabalho de parto. Quis fazer esta e ela foi uma fofa, me ajudando com posições e massagens durante as contrações. Espetou umas agulhinhas em pontos estratégicos e fez ventosa nas minhas costas. Saindo de lá, vi que havia perdido um pedaço do tampão mucoso. Daniel começou a se comunicar com a equipe sobre a evolução, eu abandonei o celular, e eles falaram para eu não ir para casa, pois estava muito longe, eram 18h, em meio ao horário de pico de trânsito e com chuva. Estávamos próximos do hospital, mas ainda não sabíamos se estava na hora de internar (lembrando que havia saído há pouco tempo da médica com dilatação de 3cm). Decidimos voltar para a casa da doula, pois lá era bem pertinho da maternidade e a enfermeira obstétrica iria para lá me avaliar e ver se era hora de internar. Tivemos que acionar o backup da enfermeira, pois a Mari estava longe e não conseguiria chegar a tempo. Então foi a Flavinha (maravilhosa também), da mesma equipe, que me acompanhou. Ainda passamos numa chocolateria saindo da acupuntura para comprar uma caixinha de chocolate para a Mirian, pois descobri que dia 18 de dezembro era dia da doula! Chegando na casa da Mirian, ela fez a evolução das contrações e viu que vieram 4 em 10 minutos e já avisou a médica e a enfermeira, que estava a caminho. Me deu uma água de coco e me colocou no chuveiro para melhorar a dor. Na primeira contração que veio no chuveiro, a bolsa rompeu. Senti um ploc por dentro e escorreu líquido pelas pernas. Avisei a Mirian, ela pediu para eu sair do chuveiro que iríamos direto para o hospital e avisou a equipe toda. Colocou todo mundo para correr... Que belo presente de dia da doula, uma bolsa rompida em pleno banheiro da sua casa kkk. Fomos a pé, caminhando, ela, eu e o Daniel para a maternidade Neocenter. Chegamos lá umas 19h30 e a Quel, fotógrafa, já estava nos aguardando na entrada da maternidade com a máquina a postos. Ficamos na recepção, a Mirian fazendo massagens durante as contrações. Logo chegou a Flavinha (enfermeira) e a Dra. Avelina (obstetra), que veio direto do consultório. Elas auscultaram a bebê ali mesmo na recepção, enquanto o Daniel fazia minha internação. Assim que terminou, subimos para o quarto (suíte PPP), eu, Daniel e a equipe toda. Estava com muita dor, muitas contrações longas e pouco intervalo entre elas. Chegando lá, Dra. Avelina me avaliou, verificou que estava com 4cm de dilatação (pensei “só isso???”) e que a bolsa realmente havia rompido, mas não totalmente e havia mecônio no líquido (colocou uma bacia embaixo para avaliação). Eu fiquei preocupada na hora, pois sabia que mecônio poderia indicar apenas maturidade fetal, mas também poderia ser sofrimento. Por garantia, ela pediu para eu fazer uma cardiotocografia (no quarto em que estava mesmo), para verificar a vitalidade da bebê durante as contrações e descartar sofrimento fetal. Também achei melhor, pois não queria correr risco. Mas foram longos 20 minutos em uma posição péssima, deitada com a fita de monitoramento na barriga, sem poder me mexer. Que dor... Daniel segurou minha mão e ficou perto o tempo todo. O importante é que o exame indicou que a bebê estava muito bem, sem sofrimento, e eu poderia continuar o trabalho de parto normalmente, graças a Deus. Dra. Avelina me liberou para ficar na posição que quisesse, chuveiro, bola, banheira etc. Ela saiu da sala e me deixou com a equipe, pois estava tudo bem e achou que o parto em si iria demorar ainda, por conta da dilatação. Aliás, pela evolução do trabalho de parto, tenho certeza que todos achavam que estava com bem mais do que 4cm, inclusive eu. A médica fez uma cara de “vou passar a noite aqui”...kkk. A equipe preparou o quarto, deixou pouca iluminação, luzinhas, pendurou umas fotos que havia levado, recadinho que as meninas haviam escrito, colocou música relaxante de fundo. Ficou muito lindo e aconchegante! Fui direto para o chuveiro, o que ajudou bastante na dor. Daniel e Mirian ficaram comigo, fazendo massagem (ela colocou um cheirinho em mim, mas nem sei o que era direito). Trouxeram a banheira para o quarto, mas para enchê-la, era preciso desligar o chuveiro. Por isso, pediram para eu ir para a banheira, sem água mesmo, que iriam encher comigo dentro. Ficaram jogando água nas minhas costas com o chuveirinho. Abracei o Daniel e a Mirian fazia massagem durante as contrações. Ajudou demais a lidar com a dor. Me deram água de coco no canudinho também, para hidratar e dar força (levei uma malinha cheia de comidas para o hospital, mas não consegui comer nada, só bebi a água de coco mesmo). Em pouco tempo, as contrações começaram a vir cada vez mais próximas e mais fortes. Começou a ficar insuportável! Não conseguia respirar, vinha uma atrás da outra, cada vez mais doloridas. Achei que não iria dar conta. Não estava aguentando e comecei a pedir anestesia... Falava: “está insuportável, não aguento umas dessas por muito mais tempo”. Sim, eu estava com os 4cm de dilatação na cabeça, que indicava que iria demorar um bocado ainda para nascer. A Flavinha e a Mirian falaram que se eu quisesse, elas iriam chamar o anestesista de plantão e que eu tomaria sim a anestesia, mas eu precisava ter certeza. Entre as contrações ficava na dúvida, mas assim que vinha mais uma, eu voltava a pedir. Devo ter pedido algumas vezes “anestesiaaaaaaa” kkk Mas logo na sequência eu comecei a sentir puxo e vontade de fazer força. Nesta hora a Mirian me tirou do transe, falou firme comigo: “Sua filha já está nascendo, esquece a dilatação, você já está na fase de transição, lembra dela? Está acabando!!!” Gente, juro que não falei nada da dilatação, mas espertamente ela percebeu que eu estava achando que iria demorar ainda...rsrsrs. Aquilo me deu forças e me tirou daquele desespero em que estava. A Flavinha pediu para eu virar para frente (estava de costas, de joelho, agarrada no Daniel) para ela verificar a descida da bebê, se ela estava chegando. Quando eu virei, parece que veio uma calmaria (bem curta, mas revigorante). Daniel falou depois que parecia que eu ia dormir naquela hora... Ganhei uns minutos de respiro e assim que veio outra, comecei a empurrar, fazer força involuntariamente. A Mirian saiu correndo da sala e foi chamar a Dra. Avelina (“corre que está nascendo!!”) e a Flavinha colocou a luva para ajudar (não vi nada disso, estava completamente fora de mim, na partolândia). Daniel continuou segurando firme minha mão. Fiz uma força bem comprida e saiu apenas a cabeça da bebê, dentro da água (a Flavinha aparou a cabecinha dela). Ela ficou assim até a próxima contração, o que foi bem desesperador (apesar do pouco tempo), senti queimar, o tal círculo de fogo e a vontade era gritar (se conseguisse) “tira ela daqui, puxaaaaa”, mas a única coisa que consegui fazer foi respirar e logo veio mais uma contração e ela acabou de sair. Dra. Avelina a pegou e já me entregou, dentro da água mesmo, veio direto para o meu colo. Toda branquinha, cheia de vérnix nas costas. Chorou só um pouquinho e logo abriu os olhos e ficou olhando tudo, quietinha, super esperta. Fez uma transição bem tranquila. Depois começou a “mandar beijo” para tentar mamar, ainda na banheira. Não acreditei, era a coisa mais linda do mundo nos meus braços.

 

 

Que emoção! Daniel me beijou e também ficou rindo à toa, vendo a filhotinha. A médica esfregou as costas da bebê para ela ficar mais ativa, mas ela não saiu do meu colo para nada. Foi apgar 8/9. Não vi a hora em que a pediatra entrou na sala, mas não precisou pegá-la. Foi avaliá-la somente depois da primeira hora de vida. Ela nasceu às 21h45, duas horas depois que havia internado! Chegou, chegando... Ficamos um tempo na banheira, nos olhando, namorando e babando na cria. Eu jogava água quentinha nela para mantê-la aquecida e colocaram uma touquinha na cabeça dela. Assim que parou de pulsar, o papai cortou o cordão umbilical, na banheira ainda, nos separando. Logo depois, me ajudaram a sair da banheira e fomos as duas para a cama do quarto. A Bella veio direto para o meu peito, a Mirian me ajudou a colocá-la para mamar (estava com muito medo de errar a pega e ela me machucar logo na primeira mamada, como aconteceu com minha outra filha). Deu tudo certo, ela pegou fácil, mamou com vontade. Ficou um bom tempo no meu peito. Neste meio tempo, a placenta saiu (não doeu, apenas senti cólica), tudo certo com ela (a Mirian fez um lindo carimbo para eu guardar de lembrança). Dra. Avelina aplicou ocitocina e me avaliou. Precisei levar pontos, por laceração no períneo (grau 1, ainda bem). Após nossa hora de ouro (golden hour), que foi respeitada, a pediatra voltou para avaliar a bebê, aplicou nela a vitamina K e o colírio, tudo no meu colo. A pesou e mediu, no bercinho ao lado da minha cama. Ela nasceu com 3,375kg e 49,5cm. Estava ótima e voltou para meu colo, assim que terminou o exame. Estava com fome depois da maratona. Mirian perguntou se eu queria janta ou lanchinho (o hospital havia me levado os dois). Preferi o lanche e ela preparou e me deu iogurte e pão recheado. Um tempo depois fui para o banheiro e tomei um banho. Me sentia ótima, conseguia fazer tudo sozinha, nem parecia que tinha acabado de parir... A bebê não saiu do quarto hora alguma, até a alta na quarta-feira de manhã. Não tomou banho no hospital, preferi dar o primeiro banho em casa (para não perder a proteção natural da sua pele). E eu e o papai trocamos todas as fraldinhas dela. Assim que ela nasceu, Daniel avisou a família e minha mãe levou as irmãs de noite para conhecerem a Bella, pois na internação eles disseram que elas poderiam entrar fora do horário de visita. Mas, assim que chegaram na maternidade, foram barradas na porta. Ficamos todos bravos e as crianças frustradas. Infelizmente, tiveram que ir embora e voltar somente no dia seguinte de manhã. Foi muito lindo e emocionante o encontro das irmãs! A alegria delas ao ver a irmãzinha que elas tanto pediram e esperaram foi indescritível... Só tenho a agradecer por tantas bençãos recebidas. Primeiro a Deus e Nossa Senhora. Ao Daniel, sempre parceiro em todos os momentos, apoio imprescindível nessa jornada. À minha mãe que foi um suporte muito importante em todo o processo, tanto nos pródromos infinitos, como na longa fase latente, cuidando de mim e das crianças. À equipe maravilhosa que acompanhou meu parto, melhor escolha. Dra. Avelina Dias Sanches Leite (Núcleo Bem Nascer) sempre cuidadosa e competente, me passando segurança durante todo o pré-Natal, parto e pós-parto. Mariane e Flavinha (enfermeiras obstétricas da equipe Empodere), duas fofas que me acompanharam antes e durante o parto, me deixando mais segura. Quel Dias, fotógrafa que além do lindo e sensível registro feito, eternizando cada momento em vídeo e fotos, manteve uma presença carinhosa e invisível durante o parto, ajudando quando preciso. A equipe da Maternidade Neocenter, que me atendeu muito bem, sempre solícitos em tudo que precisei. E, por fim, mas não menos importante, a Mirian Siqueira Cavalcante, doula e consultora em amamentação, por todo suporte físico e emocional, fundamental para a chegada da Bella ter sido tão linda e tranquila. Meu muito obrigada a cada um! Agora nossa família está completa. Somos cinco! E não é que o papai acertou o dia em que Bella iria nascer? Dia 18 de dezembro de 2023, com 39 semanas completas, em um parto natural na água. Assim, tivemos três filhas, três partos normais espontâneos, todas nascidas no dia em que completei 39 semanas. É ou não é muita coincidência?