Relatos de parto

JOÃO CARLOS

Sara & Daniel

Parto normal após cesariana: um sonho possível

Antes de tudo, é preciso dizer que eu nunca imaginei um parto indolor, mas com certeza eu imaginei uma experiência feliz e gratificante, muito diferente do que foi meu primeiro parto. O Dr. Sandro Ribeiro esteve presente nos meus dois partos. Sei que muitas mães culpam o sistema hospitalar pelas suas experiências ruins de parto – e o sistema é culpado sim – mas após o nascimento por cesariana do meu primeiro filho eu comecei a refletir sobre a minha responsabilidade no processo. Sem apoio emocional, praticamente sem mobilidade e rodeada de pessoas desconhecidas, meu primeiro parto só poderia resultar mesmo em uma cesariana e foi preciso reconhecer que, na verdade, eu não tinha me preparado como deveria. Foi muito difícil me recuperar da frustração de não ter o Francisco nos meus braços quando nasceu. A depressão pós-parto foi inevitável e se não fosse o apoio da minha mãe eu não teria amamentado o Francisco. 

Quando fiquei grávida novamente depois de 2 anos após meu primeiro parto comecei a pesquisar e ler muito sobre o parto humanizado e descobri que era possível sim ter um parto normal após uma cesariana (PNAC). Mas não encontrei o apoio que imaginei, porque eu comecei a planejar um parto totalmente diferente do que era padrão. Para mim era um sonho possível, mas não encontrei apoio no meu marido, nem na minha família ou na minha comunidade. Além disso, o PNAC era um “tabu”, simplesmente inconcebível entre as pessoas da minha comunidade. Depois de semanas desesperadas de conversas com minha família sem sucesso, encontrei apoio em uma amiga, que tinha feito um PNAC. A escolha do médico foi muito importante porque ele foi ganhando a confiança do meu marido durante o pré-natal e nele encontrei a esperança de ter um parto como eu queria. Quando o dia do João Carlos nascer chegou, eu achei que fosse mais um alarme falso. Mas as dores (eram de verdade!) duraram o dia todo e depois de muitos banhos mornos e muitas contagens de contrações, liguei para o Dr. Sandro de madrugada e pedi para o meu marido me levar ao hospital. Minhas contrações aconteciam mais ou menos de 5 em 5 minutos e quando o Dr. Sandro me examinou eu estava com 4 centímetros de dilatação. Tudo que eu queria era água morna e mais água morna e a doula do hospital me ajudou no chuveiro e na banheira enquanto minha mãe (que seria minha doula) não chegava. Depois de mais ou menos 24 horas de trabalho de parto (contando o tempo em casa), eu já não suportava mais as dores e pedi anestesia. Mas uma notícia feliz: 7 cm de dilatação! Mais horas se passaram e o Dr. Sandro me colocou agachada com os braços sobre a bola suíça.

A segunda dose de anestesia estava passando e eu já não conseguia fazer força sobre a bola quando vinham as contrações. Depois de quase 30 horas de trabalho parto sem ter comido muito (eu não tive fome!) minhas energias tinham acabado. Dr. Sandro veio conversar comigo: era preciso que eu parasse de me concentrar na dor e me concentrasse no João Carlos. Comecei a pensar em desistir. Foi nesse momento que algo sobrenatural aconteceu: meu marido e minha mãe, me segurando um de cada lado, fizeram orações e eu senti total apoio e cuidado da parte deles. Eles estavam do meu lado, eu tinha sim o apoio deles! O Dr. Sandro me colocou no banquinho de parto e eu encontrei forças que eu não sabia que eu tinha. A médica de apoio, Dra. Alessandra, ia monitorando o João Carlos durante as contrações e perguntou se eu queria sentir a cabecinha dele no canal de parto. Eu estava mesmo parindo! Minha mãe estava bem na minha frente e me transmitia confiança. Meu marido me segurava sentado atrás de mim e me motivava, quando o João Carlos nasceu ele pediu para cortar o cordão umbilical. Sem efeito da anestesia, sem episiotomia e no banquinho de parto eu deixei o João Carlos nascer. Seu primeiro minuto de vida ele passou nos meus braços. 

Relato de parto normal com cesariana anterior: versão do pai – Daniel (pai João Carlos)

Eu era um pai contra o parto humanizado. Tão contra que pedi meu sogro, minha sogra, meu cunhado, minha cunhada e minha mãe para convencerem minha esposa a desistir do parto humanizado. Na minha cabeça, por falta de informação, era um parto arriscado pois nosso primeiro filho nasceu por cesariana e por ter amigos que tiveram dificuldades nos partos dos seus filhos devido à demora (embora não tenham sido partos humanizados). Além de tudo teria que investir financeiramente mesmo tendo plano de saúde. Fiquei apavorado sem saber o que fazer.

Depois da primeira consulta com o Dr. Sandro tirei muitas dúvidas e comecei a aceitar a idéia, mas ainda com muita restrição. Nas consultas seguintes fiquei mais calmo pela segurança que o Dr. Sandro me passou e entendi que era uma escolha possível. Fizemos um plano de parto, mas como eu não estava pronto para a idéia do parto humanizado, coloquei várias coisas que imaginei que não queria fazer.

Alguns dias antes do parto, minha esposa teve um alarme falso. Imaginei que era hora do menino nascer, mas com a orientação do médico por telefone não precisei levar minha esposa ao hospital. As orientações dele me trouxeram mais segurança.

No dia do parto era aniversario da minha sogra e eu estava com o pé direito torcido sem conseguir pisar direito. Mas não doeu na hora do parto, estava tão envolvido que nem lembrei do pé torcido. Mas no dia seguinte doeu muito e aí sim lembrei do pé torcido (que dor!!!). Ligamos para o Dr. Sandro, fomos como sempre muito bem atendidos e ele nos disse para ir ao hospital. Chegando lá ele estava nos esperando e começou a hora da verdade.

O trabalho de parto (período no hospital) das 2:30 hrs até 12:12 hrs quando nosso menino nasceu foi um momento mágico, inexplicável, (espiritual) pois pude participar o tempo todo ao lado da minha esposa, em trabalho de parto com ela. Com a orientação dos médicos (Dr. Sandro e Dra. Alessandra) fizemos várias coisas que incentivaram, (facilitaram), o trabalho de parto da minha esposa que ficou no chuveiro, na banheira, na bola, agachada, andando. Quando minha esposa ficou exausta (sem mais força) eu e minha sogra que estava acompanhando tudo falamos com Jesus Cristo (oramos) pedindo que desse forças à ela. Ele deu forças à minha esposa para chegarmos ao fim do parto.

Quando Dr. Sandro disse que era a hora, preparou o ambiente com música, um lençol no chão, uma banqueta encostada na parede (onde eu sentei) e um banquinho de parto na minha frente para minha esposa sentar. Foram minutos maravilhosos em que eu fiquei

abraçado com minha esposa fazendo força com ela e incentivado o nascimento do nosso filho. Ele nasceu muito bem e por estar tão envolvido decidi cortar o cordão umbilical ainda enquanto minha esposa segurava nosso filho nos braços. Outro momento inesquecível.

Fiquei muito satisfeito com o tratamento (trabalho) dos médicos, a sabedoria deles em conduzir o parto, e por me deixarem participar efetivamente do parto. Mesmo que eu não tenha colocado no plano de parto (e nos meus planos) que eu iria cortar o cordão umbilical e ficar com minha esposa no banquinho de parto, hoje vejo que eu não poderia ter perdido esses momentos. Foi o melhor investimento financeiro que fiz na minha vida e não me arrependo nem um pouco (olha que sou mão de vaca!). Incentivo todos os pais a terem esta experiência, foi fantástico.