O parto atual não é um fenômeno apenas biológico, é um acontecimento social e cultural. Para os pais, o nascimento fica como uma lembrança da realização de um sonho. Para o recém-nascido, trata-se de um momento único: é um acontecimento que se grava na memória e influencia a personalidade. A maneira como nasce, com ou sem dificuldade, com suavidade ou com violência, determina em grande parte a pessoa que será e como perceberá o mundo que o cerca. É por isso que Freud chama o prazer e a dor que acompanham o nascimento de “emoções primordiais”. Ninguém escapa totalmente a elas.
O nascimento de um bebê não é somente o nascimento de um filho, mas o nascimento de uma mãe, de um pai, de uma avó, de um avô, de um irmão, de uma tia, enfim, de uma família!
A gravidez constitui uma oportunidade da mulher se religar com o feminino de sua natureza, com sua própria criatividade e fertilidade, achar o mistério dentro de seu corpo e se reconectar como seu próprio mistério interior, estabelecendo assim a relação com o corpo vivo, em transformação. O corpo, a sexualidade e os temores relacionados a morte estão presentes no momento do parto.
O vocábulo obstetrícia deriva do verbo latino obstare, que significa estar ao lado. O estar ao lado incumbe ao obstetra a função de assegurar o bem-estar à mãe e ao bebê. O objetivo do obstetra é dar condições para que a mulher tenha seu filho da melhor forma possível. O Pré-Natal visa prepará-la para um dos momentos mais especiais da vida: o parto, o nascimento de um novo ser e a formação de uma nova família.
Dr. Marco Aurélio Valadares (obstetra)